sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Senna

         
          De tempos em tempos, a humanidade é agraciada com o talento de verdadeiros gênios. Ayrton Senna foi um deles. O homem que fez o automobilismo, no Brasil, ser tão popular quanto o futebol não se contentava em ser bom: era preciso ser o melhor. Entretanto, ainda mostrava-se pouco ser o melhor de sua geração: era preciso ser o melhor... de todos os tempos. O documentário "Senna" exibe, de forma bastante inteligente, a trajetória do piloto e acerta em focar no aspecto mais conturbado de sua carreira: a rivalidade com Prost e a obsessão pela vitória.
          Primeiramente, vale ressaltar que talvez os expectadores mais atentos se entristeçam com um pequeno detalhe: o filme, sobre um dos maiores  ídolos brasileiros, é produzido por uma empresa britânica. Porém, o fato de "Senna" não ser, tecnicamente, um longa nacional tem lá suas vantagens. Explico: No Brasil, a montagem de um documentário com caráter biográfico a respeito de Ayrton Senna poderia acabar endeusando demais o piloto, pecado claramente cometido em muitas produções do gênero.
          Esquivar-se dessa tendência foi o grande acerto de Asif Kapadia, pois apesar de, inegavelmente, contribuir para a mitificação de Senna, o diretor não deixa de expor momentos que ratificam a conturbada e polêmica carreira do mesmo. O resgate de vídeos dos bastidores e dos boxes, aliados a antigas reportagens de telejornais constroem, gradualmente, aquela que seria uma das maiores rivalidades já vistas pelo esporte: Ayrton Senna Vs Alain Prost.          
          Kapadia não poupa o brasileiro, mostrando na tela defeitos de ambos. Certa vez, aliás, Senna perdeu uma corrida para o próprio ego. O piloto, já em primeiro lugar, continuou a acelerar o carro apenas para humilhar Prost, que mantinha a segunda posição. Destaca-se que, por um bom tempo, os dois foram companheiros de equipe, fator que apenas deixava a briga mais interessante.
          Entretanto, Ayrton ainda é visto como herói pelo público devido à inserção de Jean-Marie Balestre no longa. O então presidente da FIA, Federação Internacional de Automobilismo, é moldado como o grande vilão da história. Além da nacionalidade francesa, o que denunciava sua preferência por Prost, seu conterrâneo, Balestre não tolerava a petulância de Senna, que sempre o contestava nas reuniões que precediam as provas.
          Vale ressaltar que "Senna" é muito mais que um filme sobre a melhor época da Fórmula 1. Trata-se, na verdade, de valores imprescindíveis como determinação e superação, pois como o próprio piloto afirma: "Se você não procura ser o melhor no que faz, esqueça isso". Para ele, guiar um F1 era como estar em outra dimensão.
          A produção consegue, com a ajuda da trilha sonora, fazer de cada corrida uma batalha épica. Mostra-se impossível não ficar empolgado ao ver o brasileiro sair dos últimos para os primeiros lugares. Naquele tempo, quem ganhavam as corridas eram os pilotos e não os carros.  Portanto, foi com grande tristeza que Senna viu, nos últimos anos de sua carreira, a tecnologia e a política tirarem a essência de seu esporte.
          O carisma do piloto, sua vontade em ajudar e iniciativas como a marca 'Senninha' explicam como o mesmo tornou-se um ídolo incontestável. Em uma época na qual ser brasileiro, definitivamente, não era motivo de muito orgulho, Senna ostentava seu clássico capacete, imortalizado pelas listras verdes e amarelas, em todas as provas. Dessa forma, o pobre cidadão brasileiro tinha motivos de sobra para esperar,  ansiosamente, as manhãs de domingo. E o piloto, sabendo da responsabilidade que tinha, queria retribuir tamanha paixão. Como? Ganhando o GP do Brasil. Na ocasião, o carro apresentou sérios problemas na marcha, e Ayrton optou por enfrentar espasmos pelo corpo, resultantes do extremo esforço físico,  à perder a corrida.
          Por fim, após todos esses aspectos serem bem conduzidos pelo diretor, tem-se, na parte final do longa, o fatídico acidente do brasileiro. Até mesmo para os que nunca viram uma de suas corridas é difícil não se emocionar, pois durante todo o filme constrói-se, naturalmente, uma grande admiração pelo piloto. Alguém que não corria com a cabeça, mas sim com o coração.


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Abraço!

P.S.: Peço desculpas pela falta de postagens nessas últimas semanas. Infelizmente, responsabilidades em outras dimensões estão exigindo meu total comprometimento.

Um comentário:

  1. Oi Pedro Vinícius!

    Coloquei um selo lá no meu blog pra ti!

    Dá uma olhada.

    Abraços

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