terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Destaques de 2010 - Parte 1: Trilogia 'No Sense'.

          Ok. Todos são filmes independentes que não mantêm uma única relação entre si. Entretanto, Zumbilândia, Kick-Ass - Quebrando Tudo e Scott Pilgrim Contra o Mundo certamente possuem algo em comum. Todos fazem, cada um à sua maneira, o espectador levantar da poltrona na mais desesperadora vontade de fazer a diferença; de não ser apenas mais um; de simplesmente... aproveitar a vida. Mensagens simples e honestas que tornam-se  aparentemente novas devido às formas irreverentes por meio das quais são passadas: junto a muito sangue, algumas onomatopéias e até mesmo bolinhos recheados.

Zumbilândia

          O próprio George A. Romero, mestre do terror, alega que seus filmes "não são sobre os zumbis. São sempre sobre como as pessoas reagem". Ou seja, possuem como essência o destrinchamento dos personagens e a mensagem a ser passada, apesar dos seres horripilantes que estão por perto. Pode-se dizer, então, que Zumbilândia segue com perfeição a fórmula do sucesso. Os zumbis são mero plano de fundo, fazendo da obra um verdadeiro road movie. Sem citar o tom cômico sempre presente... O que dizer da especialíssima participação de Bill Murray interpretando a si mesmo? Simplesmente impagável!
          As regras de sobrevivência na Zumbilândia, criadas pelo protagonista Columbus são outra sacada bem inteligente e aparecem no decurso do longa. Não poderia deixar de citar, aqui, a de número 32, não só a mais importante, como também o lema do filme: "Aproveite as pequenas coisas!". Seja quebrando uma loja abandonada, comendo um bolinho recheado ou descobrindo uma família em um grupo totalmente improvável. Zumbilândia apenas explicita a necessidade de curtir o mundo, de preferência das maneiras mais inusitadas, ao lado de quem você gosta, esteja ele intacto, ou infestado de zumbis!
          Destaca-se também o elenco super afiado e em perfeita sintonia: Jesse Eisenberg, Wood Harrelson, Emma Stone e Abigail Breslin.

Kick-Ass - Quebrando Tudo

          "Porque todos querem ser Paris Hilton e ninguém quer ser o Homem-Aranha?". Esta é apenas uma das frases que demonstram a total indignação de Dave Lizewski. Para o garoto é difícil aceitar a comodidade das pessoas em relação a suas vidas e como as mesmas optam pelo que é fácil ao invés do que é certo. Porém, ele logo descobrirá que ser um super herói sem poderes, no mundo real, pode doer bem mais que o esperado.
          Kick-Ass potencializa, eficientemente, as consequências de um ato heróico e apresenta, com muita sensibilidade, um herói crível para o século 21. Além de dosar, na medida certa, violência e comédia. O diretor Matthew Vaughn apresenta um filme honesto que fala, essencialmente, sobre reponsabilidade.
          Destaque máximo para a jovem Chloë Moretz, a qual conquista o espectador já na primeira cena, interpretando Hit-Girl: heroína mirim que, acredite, dispara tiros e atravessa lâminas em criminosos.
          Entretanto, na história em quadrinhos de Mark Millar, o herói do título não fica com a garota: uma visão muito mais realista que a do filme, no qual ocorre justamente o contrário. Talvez, por passar uma visão otimista da vida (mais abaixo), a versão cinematográfica queira que o interesse romântico do herói corresponda ao mesmo como forma de compensação.
           Uma mudança crucial que para muitos pode ser um deslize. Mas que por outro lado, encaixa-se com o proposto. 

Confira a crítica completa de Kick-Ass - Quebrando Tudo aqui!


Scott Pilgrim Contra o Mundo

Filme: Scott Pilgrim Contra o Mundo.
Ano de Lançamento: 2010.
Curiosidade: Adaptação de uma HQ.
Classificação: O máximo.

          "NÓS SOMOS O SEX BOMB-OMB... UM, DOIS, TRÊS, QUATRO!"

          Irreverência e simpatia nesta respeitosa e apaixonada adaptação da cultuada HQ de Bryan Lee O'Maley. O diretor do longa, Edgar Wright, nunca escondeu seu amor pela obra original. Porém, nem mesmo o mais devoto dos fãs esperava um filme tão fiel. A transposição para as telas chega ao ponto de utilizar as divertidas tabelas de informação que percorrem as páginas da graphic novel. Talvez, Wright entendesse que o diferencial da obra de O'Maley está justamente em sua  inconsistência visual. Portanto, era necessário mantê-lá.
          Ainda assim, a simplicidade do traço de O'Maley e a mescla paradoxal de ingenuidade e sagacidade fazem de sua obra única. Considere também o tempo limitado do qual o filme dispõe e todos os cortes que isso acarreta e, dessa forma, compreende-se a superioridade da primeira (HQ) em relação ao segundo (filme).
          Se nos quadrinhos tem-se inovações de diagramação e o tempo necessário para o desenvolvimento da história, na qual o leitor pode apreciar uma mesma página por quanto tempo quiser, no filme, tudo é muito acelerado, às vezes, compactado e, sempre, bombardeado no espectador. Contudo, nada que tire o mérito da adaptação.
Knives Chau
17 anos

          Se o desenho de O'Maley é o trunfo da história em quadrinhos, a música do Sex Bomb-Omb, banda do protagonista, é o do filme. Ela simplesmente dita o ritmo da aventura e embala as excelentes cenas de ação, além de colaborar com a sutil transformação do mundo real em fantasioso. 
          Por fim, acaba que uma mídia complementa a outra. Afinal, a homenagem a Seinfeld, possível apenas no filme, foi, de fato, uma boa sacada.
          Vale ressaltar que a grande referência a vídeo games (o próprio filme é um jogo) talvez afaste o público, ou até mesmo o restrinja. O que de fato ocorreu. Infelizmente.

Saiba mais sobre a trama da história em quadrinhos de O'Maley aqui!

------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
          Creio que duas palavras resumam bem estes três filmes: otimismo e amadurecimento. Columbus, Dave e Scott são visivelmente testados por grandes acontecimentos. O primeiro, que já tinha dificuldades em lidar com o mundo "normal", precisa, agora, sobreviver a uma infestação de zumbis. O segundo deve enfrentar a máfia, além de lidar com as graves e dolorosas consequências de sua imprudente, porém nobre, escolha. Já o último acaba, repentinamente, inserido em épicas batalhas contra ex-namorados do mal. Todas provações desafiadoras e mortais. Porém, após irem de encontro ao perigo, valiosas lições são aprendidas, colaborando com amadurecimento pessoal de cada um:
  • Columbus compreende o valor de amizades verdadeiras e percebe que  o significado de família é mais que apenas laços de sangue.
  • Dave assegura-se de que, às vezes, é necessário lutar contra as pequenas injustiças da vida; e que para fazer o certo não são necessários super-poderes.
  • Scott conquista o poder do auto-respeito e também  do amor, percebendo ter sido este o sentimento que o guiou em suas batalhas.    
          Dessa forma, torna-se evidente a mensagem positiva da "trilogia": Seus protagonistas optaram por enfrentar as dificuldades e, no final, foram recompensados. É por meio desse otimismo implícito que tais filmes conseguem atingir tão fortemente o espectador. De certa forma, são todos feel good movies que não caem no clichê justamente por serem apresentados de formas inusitadas.

Divirta-se!

Gostou da dica? Já assistiu e não concorda com algo que foi dito? Quer acrescentar algo? Deixe um comentário! Sua opinião é fundamental para o desenvolvimento desse Blog!
Abraços!

P.S.: Fique de olho: em breve, mais destaques de 2010.

4 comentários:

  1. Cara, que texto excelente.

    Achei Zumbilândia e Kick-Ass espetaculares.
    Sou um fã apenas dos quadrinhos da Marvel, e por isso meu conhecimento sobre graphic novels é bem limitado. Não sabia se a obra de Mark Millar havia sido fielmente transposta para a tela. Mas pelo que você disse, o principal estava lá.

    Infelizmente, não vi Scott Pilgrim porque o filme não estreou aqui em Porto Alegre (o que me deixou muito indignado), mas mal posso esperar para assistir.

    Aguardo os próximos destaques!!! Se quiser dar uma olhada nos filmes que coloquei como melhores do ano, deixo aqui o link: http://brazilianmovieguy.blogspot.com/2010/12/os-melhores-e-os-piores-filmes-de-2010.html

    Abração,
    Thomás
    http://www.brazilianmovieguy.blogspot.com/

    ResponderExcluir
  2. Pedro, ótimooooooooo post!!!!

    Zumbilândia - Simplesmente perfeito!!! O filme apresenta uma seqüência de cenas memoráveis... a começar pela perseguição dos zumbis em câmera lenta, o Tallahasse e o seu desejo por bolinhos, Bill Murray como Bill Murray... e seu arrependimento por Garfild 2 kkkkkk. Já assisti nem sei quantas vezes! Muito bom!

    Kick-ass - Bom demais!!! A hit-girl é sem sombra de dúvidas a heroína do ano, ficou perfeita. Dos três filmes, foi o melhor!

    Entretanto, como sempre, um filme não pode ter uma bilheteria satisfatória para o estúdio decidir fazer uma continuação =( Só espero q sejam feitas à altura! Não consigo imaginar uma continuação para Zumbilândia... não sei... pode perder um pouco a graça. Tomara q eu esteja errada.

    Scott Pilgrim - Recomendo! É um retrato extremamente fiel dos quadrinhos, q por sinal são uma ótima opção de leitura, principalmente o volume 2.

    Aguardo ansiosamente pela parte 2 da "Trilogia 'No sense'"! Mais uma vez, parabéns!!!

    Abraço,
    Thaysa

    ResponderExcluir
  3. pedro,
    um dia desse eu vi o blog da rebeca e achei tão lindo qto o seu.
    tentei falar com ela lá, mas não consegui...
    vou tentar aqui tb:
    tem um verso do cancioneiro popular brasileiro, que embora em inglês, é nosso, que diz:
    "how beautiful could a being be"...
    é isso que tenho a me surpreender pensando em vcs: how bealtiful could a being be!!!
    gde abraço!
    prof fernando.........

    ResponderExcluir
  4. Cara, Scott Pilgrim finalmente estreou aqui em Porto Alegre. Fui assistir e achei espetacular. O máximo, como você disse.

    Se tivesse estreado ano passado certamente teria um lugar especial naquela minha lista de melhores do ano.

    Escrevi sobre ele: http://brazilianmovieguy.blogspot.com/2011/02/scott-pilgrim-contra-o-mundo.html

    Abraço

    ResponderExcluir

Comentar: