quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Estréias de Janeiro


          A seguir, comentários relevantes sobre alguns dos filmes que marcaram presença nos cinemas, nesse primeiro mês de 2011: De Pernas Pro Ar, Incontrolável, Enrolados e Zé Colmeia.


De Pernas Pro Ar
          Mesmo com uma recente variação no gênero dos filmes nacionais, é de se esperar que produções que mesclam comédia e romance, as quais visam atingir o grande público, espelhando-se no sucesso de bilheteria de Se Eu Fosse Você sejam lançadas.
          Porém, assim como no filme de Daniel Filho, De Pernas Pro Ar peca por moldar-se no óbvio. Perde-se a conta do número de cenas que podem ser facilmente previstas pelo espectador. Infere-se que a comédia da vez optou por permanecer na zona de conforto a desafiar o público.
          Talvez a produção pensou que apenas falar de sexo seria o bastante para deixar todos satisfeitos: praticamente todas as piadas baseiam-se no assunto. É claro que o longa tem seu mérito por tratar o tema de forma descontraída, mas fica nítido que o talento de Ingrid Guimarães é o que segura as pontas.
           E por favor...  O que dizer de Maria Paula??? A atriz precisa entender que fazer o papel da 'gostosa' não implica em uma atuação ruim. Sua personagem tem um tom muito 'Casseta e Planeta' e não convence em momento algum. Donas de Sex Shop não precisam sentir prazer a cada frase enunciada...
          Por fim, o objetivo de satisfazer o grande público será atingido e algumas risadas são garantidas, porém elas definitivamente não salvam o longa...                


Incontrolável
          No pôster de Incontrolável, logo abaixo do título, tem-se uma frase que define bem o longa: "Adrenalina a toda velocidade". Portanto pode-se facilmente inferir que a tensão é o elemento chave da trama. Tony Scott entrega um trabalho cuidadoso e bem articulado, o qual consegue deixar o espectador vidrado na tela durante os 98 minutos de duração.
          A premissa é simples e evita grandes exageros, resumindo-se a um trem desgovernado e toda as maneiras possíveis de pará-lo. Scott, em alguns momentos filma o trem por baixo, passando pelos trilhos, como se quisesse mostrar toda a imponência do mesmo.
          Vale dizer que em um gênero, para muitos, ultrapassado ou até mesmo previsível, o desenvolvimento dos personagens mostra-se essencial. Sorte de Tony, então, dispor de elenco afiadíssimo: tanto principal como secundário.
          Em sua quinta parceria com o diretor, Denzel Washington, novamente muito bem em cena, interpreta o veterano maquinista da estação. Já Chris Pine prova não depender apenas do Capitão Kirk de Star Trek e apresenta-se na pele de Will Gordon, um novato  condutor.
          O interessante é notar que não apenas a diferença de idade os separa, mas também toda uma questão social. Em tempos difíceis assolados pela crise econômica, Will ganha o emprego por puro nepotismo, sendo, dessa forma, uma ameaça a Frank, personagem de Washington. Nenhum dos dois são heróis, ambos possuem seus próprios problemas, mas precisarão superar as diferenças pessoais se quiserem deter algo, aparentemente, incontrolável.
          Diversão garantida!    


Enrolados
          A Disney, indubitavelmente, já consagrou-se no ramo das animações com produções belíssimas, as quais encantaram o mundo todo. Isso, porém, quando o nome Pixar veio ao seu lado. É lamentável notar que atuando sozinha a empresa nunca conseguiu o mesmo prestígio, vide O Galinho Chicken Litlle.
          Entretanto, após comprar a parceira, a Disney colocou John Lasseter, 'o homem' da Pixar, para supervisionar também seus filmes solos. Bolt - O Supercão é a prova maior dessa nova fase e apresenta a mesma qualidade de grandes animações como Up - Altas Aventuras e  Wall-e.  
          Enrolados apenas confirma a predileção por tais inovações. Contudo, quando o assunto é princesa, a casa do Mickey ainda mostra-se cautelosa e o resultado é uma batalha constante entre moderno e tradicional.
          O personagem masculino ganha destaque e está longe de ser o modelo clássico de príncipe encantado, o filme em geral possui mais ritmo e as situações cômicas estão mais sagazes. Porém a Disney ainda é a Disney e algumas coisas não mudam nunca: prepare-se para um filme recheado de canções. Destaque para a divertida e contagiante 'Um Sonho Eu Tenho'. Contudo, a empresa ainda peca pelo excesso de cantoria.
          Os elementos clássicos - princesa roubada, torre, bruxa má - são bem inseridos e Rapunzel logo conquista o público com seu carisma. A ingenuidade da moça é outro fator interessante: tal característica predomina não por ela ser uma princesa mais sim por ter ficado a vida toda presa, sem contato algum com o mundo exterior.
          Todavia, o maior exemplo da dualidade da empresa encontra-se no final:

>>> SPOILER<<<
          Na cena clímax, o público tem uma bela surpresa ao ver que os longos cabelos de Rapunzel são cortados. Porém, subsequentemente, o filme utiliza-se do maior clichê do gênero: a lágrima sincera que traz de volta o ser amado.
>>> FIM DO SPOILER<<<  

          Por fim, o 3D, apesar de não ser essencial, dá um toque bacana ao filme. 



Zé Colmeia
          Pouco há para se falar de Zé Colmeia. O roteiro fraco simplesmente estraga a ótima oportunidade de trazer esse divertido personagem às telas. Zé e Catatau são lembrados, por muitos, com carinho e conseguiram tal popularidade em 2D mesmo, com um traçado extremamente simples, assim como suas tramas. O foco da famosa dupla de ursos falantes sempre foi roubar mais e mais cestas de piquenique.
          O filme, em parte, mantêm a ideia base, mas tropeça em demasiada simplicidade. E tratando-se de cinema , isso é um erro gravíssimo. E o termo 'simples' é usado aqui de forma diferente do que se refere ao desenho. Este está mais para sinônimo de 'pouco trabalhado'. O que se vê é a batida fórmula de arrependimento e redenção.
          É possível dar algumas risadas, entretanto é triste perceber que a 'sessão saudosismo' poderia ter ocorrido de forma muito, muito melhor.
          Enfim, mais um personagem das antigas que foi mal aproveitado em meio a essa crise criativa de Hollywood. Esses caras deviam ter mais respeito com a infância das pessoas...


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Abraço!

2 comentários:

  1. Desses filmes vi apenas Incontrolável.
    Achei muito legal, e o que mais me surpreendeu foi o fato de Scott ter conseguido desenvolver bem os personagens no meio de toda aquela tensão.

    http://brazilianmovieguy.blogspot.com/2011/01/incontrolavel.html

    Abraço,
    Thomás

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  2. Incontrolável

    Sobre esse filme que provavelmente tem o subgênero: "veículo desgovernado". Só posso dizer que não será nada tão diferente de Velocidade Máxima, e outros filmes totalmente previsíveis como aviões que tiveram pane e não puderam descer, sendo preciso um arriscado resgate absurdamente exagerado, dramático e cinematográfico ao extremo, aparecendo outras aeronaves, caças F-16, cargueiros, helicópteros etc.
    Nem da vontade de ver, já que no final o Denzel é o herói e o jovem rapaz fica com uma moçinha que, provavelmente, conheceu antes ou no meio da ação.
    É difícil os filmes encantarem como antigamente. Hoje até romances ter que ter ação extrema, ou humor pastelão.

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