quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Thor - O Mundo Sombrio

"Sempre tão perceptível sobre todos, menos sobre si mesmo."
Frigga, em conversa com o filho Loki


          Em 2011, Thor estreou rodeado de promessas e expectativas. O resultado, porém, foi regular. O filme de origem do herói se revelou genérico, deixando a incômoda sensação de que não passava de um caminho obrigatório na estrada de Os Vingadores. Agora, com a super equipe já consolidada nos cinemas, mostra-se um alívio notar que o Marvel Studios se preocupou em dar ao público uma aventura bem mais digna do Deus do Trovão.


          Na nova empreitada solo de Thor nos cinemas, Alan Taylor ocupa a cadeira de diretor deixada por Kenneth Branagh e faz um ótimo trabalho. O visual do filme se beneficia da experiência de Taylor com Game of Thrones. Ao contrário do primeiro longa, focado na Terra, Asgard se torna o eixo principal da nova aventura. A morada dos deuses se mostra mais real e menos computadorizada e o tom medieval pelo qual é conhecida nos quadrinhos é finalmente trazido para as telas.
          A trama valoriza a atual cronologia do Universo Marvel nos cinemas e lida de forma inteligente tanto com os acontecimentos finais de Thor - a destruição da Bifrost - quanto de Os Vingadores, onde Loki é capturado e levado para Asgard. Dessa vez, o desenvolvimento de personagens se apresenta de forma consideravelmente mais elegante. Tom Hiddleston rouba a cena como Loki e a representação da dualidade de seu personagem é o ponto alto do filme. Quanto a Thor, há de fato elementos por todo o longa que, ao fim, justificam sua evolução. Diferentemente da primeira aventura, em que a típica trama de amadurecimento demanda muita crença do espectador. Além disso, leves alterações no uniforme e novos golpes com o Mjölnir contribuem com uma imagem mais poderosa do herói.


          Mas, deve-se dizer, O Mundo Sombrio está longe de ser perfeito. Afinal, é preciso aceitar que, coincidentemente, a Terra, dentre todos os pontos do Universo, é o local de convergência dos Nove Reinos. As motivações (mais que clichês) do vilão Malekith são pouco desenvolvidas, tornando-o um antagonista convencional e sem brilho. Seu desfecho é igualmente cômodo e um tanto preguiçoso. Em contraponto a essas falhas, encontra-se um excelente elenco de apoio: Anthony Hopkins destrói mais uma vez como Odin e Rene Russo surpreende ao ganhar mais espaço como Frigga.
          Nota-se, com Thor - O Mundo Sombrio, algo que há algum tempo é claro: O controle rigoroso que a Marvel exerce sobre seus longas. O próprio Alan Taylor confirmou certos desentendimentos criativos durante a produção. Dessa vez, a opção do estúdio foi surpreender sem se comprometer. Funciona muito bem, especialmente para um filme que lida com o Deus da Trapaça. Entretanto, espera-se que Marvel tenha, futuramente, culhões para mudanças definitivas. Algo cada vez mais raro em franquias milionárias.
          Por fim, O Mundo Sombrio evoca com eficiência a fórmula de sucesso dos quadrinhos da editora: divertir com simplicidade, surpreender em escala e cativar por meio do conflito emocional de grande apelo que seus personagens sempre possuem. Tudo consequência de um enredo independente e bem elaborado, preocupado com si mesmo e não com qualquer outro filme. A nova aventura do Deus do Trovão é fantástica e despretensiosa como não se via desde o primeiro Homem de Ferro. Um bom filme para o herói, considerando-se, é claro, o que a Marvel propõe nos cinemas. Que a Fase 2 continue assim.

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3 comentários:

  1. Só um detalhe: a Terra ser o centro de convergência dos 9 reinos tem a ver com a posição de Midgard em Yggdrasil. Não é conveniência de roteiro. Culpe os nórdicos por isso.

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  2. Anônimo, agradeço o esclarecimento.
    Apesar de ter lido algumas histórias de Thor, não sabia deste fato.
    Contudo, creio ser este um conhecimento que você já possuía, certo?
    Talvez eu tenha perdido a explicação, mas não me recordo da mesma no filme. Caso eu esteja certo, o que quero dizer é isso: Para os que não sabiam tal fato da HQ, soa como uma conveniência de roteiro.
    Se de fato eu perdi, desculpe pelo erro.
    De qualquer forma, agradeço a correção!

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  3. E aí, Pedro Vinícius!
    Bom ver você voltando a escrever.
    Temos opiniões bem opostas quanto a esses filmes do Thor.
    Concordo que o primeiro tenha sido feito como um preparativo para "Os Vingadores". Mas ao mesmo tempo acho que conseguiram criar uma história interessante de se acompanhar no filme. E "Thor 2" carece demais disso, tendo um roteiro bem problemático também. Faltou um maior cuidado em seu desenvolvimento. E a direção do Alan Taylor não foi das melhores, apesar de eu gostar do trabalho dele na televisão.
    O filme tem suas qualidades, é verdade (o Tom Hiddleston, como você apontou, rouba a cena), e aqui e ali consegue divertir, mas acho que essas coisas não chegam a compensar os problemas.
    No fim, o filme meio que serve mais pra apresentar o Éter como uma Gema (ou Joia) do Infinito.
    Mas mesmo assim, estou esperançoso por essa Fase 2. "Capitão América 2" e "Guardiões da Galáxia" parecem interessantes.

    Abraço,
    Thomás
    http://brazilianmovieguy.blogspot.com.br/

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